AMANDA MASQUE

Eu não sou Amanda Masque.

Ela é um personagem que criei para representar a mulher idealizada pelo homem.

Faço deste blog o canal para todas as mulheres que se defrontarão, cedo ou tarde, com as Amandas - imagens projetadas de perfeição incrustada na mente daqueles que amam.

Sendo a recíproca verdadeira, também para aquelas que se nutrem de um ideal masculino irreal.

E para os homens que nos visitam aqui, um buraco na fechadura para ver nossas Amandas despindo a roupa da alma.

Faço-me dessas mulheres, uma mera porta-voz e, deste blog, um meio para incentivá-las a colocar a sua ¨Amanda¨ para fora!

Uma Amanda plena, não aquela idealizada pelo outro, mas a melhor mulher que cada uma de nós pode ser em toda a manifestação do feminino - nas formas, nas artes, no amor.

domingo, 11 de abril de 2010

Contribuições Anônimas ao Blog 3 - Na Montanha Russa

Quando eu era criança, fui marcada por uma música da Simone que dizia assim ...

Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Ter me rebelado
Ter me debatido
Ter me machucado
Ter sobrevivido
Ter virado a mesa
Ter me conhecido
Ter virado o barco
Ter me socorrido
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Sem as tuas garras
Sempre tão seguras
Sem o teu fantasma
Sem tua moldura
Sem tuas escoras
Sem o teu domínio
Sem tuas esporas
Sem o teu fascínio
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Já ter te esquecido

Essa música era tema de um seriado onde a Regina Duarte representava uma personagem recém separada. Lembro-me bem de ter sentido no íntimo do meu ser que uma separação era uma inevitabilidade nos tempos que correm, e que um dia eu passaria por isso.

O tempo passou, me casei com a certeza de que ele era o homem certo e de que seria para sempre. Eu sabia que haveria altos e baixos. E esperava que houvesse mais altos que baixos. E assim foi por um bom tempo.

Passados mais de dez anos juntos, passei a me sentir numa montanha russa, viajando em alta velocidade entre subidas e descidas, curvas radicais e inesperadas. Esse ritmo começou a me consumir, principalmente porque as quedas eram velozes, doídas e duradouras e as subidas raras e ligeiras.

A cada subida, sentia que tudo ia dar certo, que afinal era para sempre, que seríamos capazes de superar todas as adversidades. Mas ai vinha uma descida, que me remetia ao medo, a desilusão, ao cansaço, a desesperança. Até que chegou um dia em que o carrinho da montanha russa não mais queria subir. Ele parou no fim de uma descida.

Tentei então escalar os trilhos com minhas mãos e pés, e cheguei a alcançar uma certa altura. O que não contava era que ao subir sem o carrinho, estava fazendo isso por conta própria e sozinha. Ao chegar lá em cima, não tinha companhia. Ou seja, são precisos dois, desejando, lutando e acreditando no mesmo.

O esforço foi demais. Além do meu próprio peso, carregava vários fardos. Não acreditava mais na minha capacidade de mudar ou melhorar, não acreditava que seria capaz de fazer-nos felizes, não acreditava que havia futuro. Entender isso foi um processo longo e penoso.

A conclusão a que cheguei foi a de que era preciso abandonar a montanha russa e a única saída era dar um salto lá de cima. Mas como saber ao certo a hora de pular? Como ter coragem de dar o salto sem saber se haveria uma rede de proteção lá em baixo para me amparar? Como mergulhar no desconhecido arriscando que ele seria ainda pior que a montanha russa?

Assim, lá fiquei por um tempo, olhando a paisagem e me sentindo cada vez menor diante do que me rodeava. Lá de cima, via o meu companheiro, que ficou no carrinho, e também ia reduzindo e se consumindo na sua solidão e desamparo, a espera de um sinal.

Às vezes nos olhávamos e acenávamos um para o outro. Eram pequenos consolos, mas não resolviam o problema. Até que um dia concluí que nunca teria respostas para as minhas dúvidas. Que teria de ter coragem para pular apesar delas.

Teria de confiar em mim mesma, de que seria capaz de superar as agruras que viriam e que, no final, teria ao menos a certeza de que tentei. Teria de ter fé de que um novo cenário se descortinaria e, eventualmente, embarcaria em uma nova montanha russa mais tranqüila e amorosa que a anterior.

Enfim, enchi o peito, fechei os olhos e pulei. Ao longo da queda vi a minha vida a dois passar como um filme. Vi cenas do primeiro beijo, do casamento, da primeira casa. Era tudo tão lindo. Tentei me agarrar às ferragens da montanha russa e re-escalar a mesma, mas não tive forças. Assim continuei caindo, arranhada e ainda mais machucada rumo ao desconhecido.

Quando finalmente aterrissei, não reconheci nada. Havia perdido as minhas referências. Percebi que as ilusões de como seria haviam me enganado. Era muito mais difícil. Isso me desanimou e me fez recolher-me a meu sofrimento. Afinal, será que valia a pena ter pulado?

Quando tive forças, procurei o carrinho onde havia deixado o meu velho companheiro. Ele o havia deixado e estava bem melhor que eu. Ele não teve de pular. Ele saiu andando do carrinho com tristeza, mas com menos arranhões e machucados por não ter tentando se agarrar as ferragens. Eu o admirei e me orgulhei. Como sempre, ele havia sido mais forte que eu.

Agora me encontro nesse novo cenário. Não conheço o enredo da peça que devo encenar. Sinto-me distante e fria. O aconchego que me é oferecido é bem vindo, mas não consigo retribuir. Falta a metade da minha laranja. Como aprender após tantos anos a ser UNO, completa e soberba. Não existe manual. Apenas a esperança de que o tempo tudo resolve. Até lá, vou caminhar com passos curtos, firmes em alguns momentos, cambaleantes em outros.

Espero um dia olhar para trás e sentir bem lá no fundo que afinal o pulo valeu a pena. Que era preciso esperar que a poeira que foi feita com a minha chegada no solo, se dissipasse e deixasse aparecer todos aqueles que estavam lá embaixo a minha espera, Que no processo passei a me conhecer melhor, e a me respeitar e amar. Entendo que só assim poderei ser feliz e fazer felizes todos aqueles que embarcarem no meu carrinho da montanha russa.

Contribuições Anônimas ao Blog 2 - A forma e o conteúdo


Cada vez mais eu percebo que a importância dos seios para as mulheres é algo que merece investigação e reflexão, certamente os seios das mulheres são muito importantes para nós homens também, e de tantas maneiras que eu poderia escrever um livro, ou vários. Mas aqui estamos tratando de outra coisa, da importância para um mulher, e notadamente pelo aspecto da aparência.

Uma mulher me contou sobre a primeira vez que usou um sutiã desses que dão uma impressão de aumento dos seios, e que quando saiu na rua com ele, sentiu-se "uma mulher super poderosa". Foi para ela uma experiência inesquecível; deve ser algo parecido com a idéia de um homem colocar uma meia dentro da calça; mas aqui vai uma curiosidade, já brinquei imaginativamente com a idéia, mas nunca me ocorreu colocá-la em prática, nem conheço alguém que o tenha feito (não duvido de nada neste mundo). Por outro lado, basta visitar qualquer site erótico para ver a profusão de anúncios de "técnicas de aumento de pênis", ou seja, deve haver clientela interessada.

Só então comecei a entender um pouco, ou melhor, imaginar que entendo, o que se passa na alma feminina em relação aos seios. Pensei na menina durante os anos anteriores à puberdade, tendo a sua identidade feminina moldada e desenvolvida desde o nascimento por todos que a cercam, vendo as mulheres adultas, se identificando com elas, constatando as semelhanças em diversos aspectos, tanto anatômicos, como de comportamento e de interesses, mas ao mesmo tempo sentindo uma grande diferença, impossível de negar: Onde estão os meus seios? Este elemento tão óbvio na silhueta; em que qualquer criança (menina ou menino) se baseia para identificar se aquele adulto é homem ou mulher.

Me lembrei de uma história: um colega mostrou ao filho pequeno uma foto com duas crianças, um menino e uma menina em nu frontal e perguntou o que ele via, o filho respondeu corretamente que havia ali um menino e uma menina, perguntou então como ele sabia disso e veio a reposta óbvia: É porque a menina tem cabelo comprido!

Os cabelos e as roupas são também elementos de identificação mas... onde estão meus seios? Se me dizem, e eu sei que sou menina, brinco como menina, me visto como menina, etc... Os seios vão sendo identificados pouco a pouco como uma aquisição tardia; Será que eu os terei? Como serão? Vejo minha mãe, ou fulana ou beltrana carregando aqueles enormes seios! Elas são mulheres adultas, completas, acabadas; eu, por enquanto sou um arremedo de mulher, será que eu chegarei lá?

sábado, 27 de março de 2010

Contribuições Anônimas ao Blog 1 - Encontros e Desencontros

Machos e fêmeas são espécies distintas, inconciliáveis. Todas as imagens de uma união encantada, eterna ou bem acabada são puro veneno - anestesiam o corpo, calam o barulho da vida, travam o desejo. Este inconciliável é tenso, e esta tensão é tesuda. Tesão pelo mistério do outro, que é também tesão de ser desejado por este outro, contaminado por aquilo que se esconde em seu mistério e arrancado para longe de si mesmo.


O charme de um corpo vem de sua nudez - pode estar mais nu do que simplesmente nu. Não a nudez que o olho vê, mas aquela insensível, mais sutil e mais bruta, que só o corpo conhece. É nesta nudez que o corpo é atingido pelo outro e se recria a cada encontro. E quando isto não acontece, é porque o encontro não aconteceu de verdade.


Estamos passando por um momento delicado, como toda transição. Os modos como macho e fêmea se apresentam, se seduzem, se tocam, não fazem mais sentido: a vida mudou muito, e com isso mudou por completo o que sente um corpo, o que o atrai, como atrai. Macho e fêmea estão sendo vividos no corpo de um outro jeito, cuja linguagem apenas começa a se esboçar. Isto tem deixado homens e mulheres desorientados e sozinhos.


A irreversível autonomia conquistada pela mulher transformou também irreversivelmente sua fêmea. No entanto, esta fêmea continua se apresentando com um corpo de outro tempo: da boazinha do lar à boazuda da rua, sempre variações em torno de uma figura de mulher inteiramente dependente do homem e cujo desejo é todo voltado para ele. Esse padrão de corpo, em si mesmo, não é bom nem ruim: provavelmente foi bom para certo tipo de mundo que ainda funciona para alguns. Ruim é insistir numa linguagem quando ela não faz mais sentido, pois quem sofre com isso é a fêmea real que emudece e sufoca.


Também para o homem, a coisa não anda fácil.


Diante desta mulher transformada que ainda gagueja uma nova linguagem de fêmea, ele não se sente verdadeiramente convocado como o macho. Mantém-se então, como ela, preso a um corpo de outro tempo, habituando a reconhecer-se como macho através do desejo da fêmea exclusivamente investindo nele. No olhar da mulher autonomizada que deseja o macho, mas também a criação e a vida pública, o homem não encontra a prova de sua virilidade, e então se estranha, se aprova e se fragiliza.


Machos e fêmeas estão traumatizados. E com isso as relações entre homens e mulheres. Ninguém está livre deste trauma. O mais comum é tentar negar a intensidade das mudanças que o corpo está vivendo. As mulheres, para expressarem sua fêmea, quando não regridem às figuras femininas disponíveis, apelam para as figuras do homem e se masculinizam, como se vida pública não pudesse ser vivida num corpo de fêmea. Ou então desistem dos homens. Ou até do sexo. Os homens, mesmo os de alma requintada, oscilam entre buscar mulheres que ainda funcionam no antigo regime e/ou sair desesperadamente à cata de fêmeas, uma após outra, onde esperam poder reconhecer-se como machos e assim, quem sabe, sair da insegurança.


Há também, e cada vez mais, os que desistam das mulheres. E até do sexo. Em qualquer uma destas ilusórias saídas, paga-se um preço alto a troco de nada, pois fica tudo na mesma e todo mundo continua perdido. Superar o trauma que estamos vivendo passa antes de mais nada por admiti-lo. Não com a esperança de final bem editado, de uma união sem tensões. Chega de drama: é da tensão deste encontro desencontrado entre macho e fêmea que nasce o desejo. Admitir o trauma passa por se dispor a ouvir no corpo esta nova fêmea e este novo macho que querem achar um jeito de estar junto, e sabem o quanto isto é essencial. Passa também por inventar linguagens para encarar esse macho, essa fêmea, seu desejo - tão variados são os corpos e seus encontros.

sábado, 13 de março de 2010

No Toucador com Amanda 2 - Entre bisturis e pincéis

O velho toucador de nossas avós ganhou um instrumento novo nas recentes gerações. Além de perder o pó de arroz, ganhou um pincel elaborado - o bisturi!

Eis que na busca de lapidar em meu corpo a minha própria Amanda, optei por utilizar esse novo brinquedinho de nossas penteadeiras atuais. Resumo aqui a minha aventura e me justifico assim da minha longa ausência no blog.

Cristalizei meu corpo num corpo de menina e, com isto, com seios de menina que nunca se fizeram mulher. Achei que, afinal, era chegado o tempo de fazer a medicina trabalhar a meu favor e mudar o que a natureza não mudou depois de três filhos e de tantos anos de um complexo peculiar.

Agora é tarde para me perguntar se todos os artifícios menos radicais teriam sido os mais apropriados. Está feito. Mas seguem aqui algumas coisas que os artigos de estética não contam:

1 - Para uma cirurgia de inserção de prótese sob a músculo, como a que eu fiz, se preparem... O pós-operatório é extremamente doloroso! Quando acordei da cirurgia mal conseguia respirar.
2 - Perde-se boa parte dos movimentos por conta do trauma causado na musculatura e retomá-los só ocorre muito lentamente e com muita fisioterapia.
3 - Voltar aos exercícios físicos não é fácil. As dores e incômodos são incríveis.
4 - Passamos ao menos 30 dias enfaixadas, o que inviabiliza uma noite de sono decente neste período e, mesmo depois de retirada a faixa, as dores continuam.
5 - O inchaço é tanto que a sensação que se tem é a de dois balões prontos para estourar no seu peito a qualquer momento. Não há posição que alivie.

Isto tudo, considerando que fui uma pessoa de sorte e que a cirurgia correu super bem e sem complicações (uma semana depois já estava viajando a trabalho!). Mas há inúmeros casos, de pessoas menos afortunadas, que apresentam rejeição, infecção, inflamação, problemas de posicionamento das próteses e outras tantas mazelas que podem se somar à lista acima. Vale a pena?

Hoje tenho uma consciência mais elaborada sobre o bisturi. Ao menos no Brasil, vulgariza-se um procedimento que, na verdade, é sempre de alto risco (afinal, é uma cirurgia como outra qualquer). Troca-se um novo formato, por novas cicatrizes, que dependendo da extensão podem se tornar uma troca não muito compensadora.

No meu caso, os resultados foram muito bons. Meus seios ficaram perfeitos! Escolhi uma excelente profissional. Cicatrizes mínimas. Ainda assim, faço um alerta para todas aquelas que pensam incluir o bisturi no seu tocador. A não ser que vocês se sintam com alguma deformidade no corpo, pensem duas vezes antes de utilizá-lo. É, realmente, muito delicado mexer com a saúde ao procurar sua Amanda e este deve ser o último recurso, não o primeiro.

É um fato incontestável, contudo, que o bisturi veio para ficar em nossos toucadores e, gostemos ou não, ele pode ser seu melhor amigo, ou seu pior instrumento de estética. Se for para fazer uso dele, tome todos os cuidados necessários e se prepare... Não é nada fácil!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ah... Essas Amandas de Paris!


Pois lá estava eu em Paris, num restaurante que é um charme nos Les Halles, quando entra não só uma, mas duas modelos russas maravilhosas ao estilo Amanda-Paris... Não havia como não reparar no estilo, ou melhor no alto estilo.

A presença delas marcou não só pela beleza, mas sobretudo, pela elegância na medida certa.

Entre um milhão de lojas em liquidação (ótimo mês para passear por lá!) concluo que uma coisa é certa... O segredo está nos acessórios! Experimentem uma roupa monocromática, com a jóia certa, a bolsa certa, o sapato nota dez. Não tem erro, meninas.

As Amandas de Paris que o digam...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Reflexões 4 - A inadequação amiga


Sempre me senti um moleque. A foto acima não desmente. Olhava todas as meninas de laço de fita, cabelos longos e belas roupas com o sentimento de um escalador de montanhas manco olhando o Everest do ponto mais baixo - inalcansável!

Se você tem ou teve algum sentimento parecido na vida, então veio ao lugar certo. Mas esse sentimento, ao contrário do que muitos pensam, não é nosso inimigo, mas é nosso melhor companheiro.

Se não existisse ele, seríamos todas Amandas. Já que a mulher perfeita não existe, o que existe de fato é a sensação ilusória de perfeição, de ser Amanda por alguns instantes de altíssima auto-estima ou ser Amanda sempre, o que é pior ainda.

Do meu lado, fico com todas as meninas que param diante do espelho e reparam nalguma coisa que podia ser melhor. Com as que se esmeram em suas artes e em sua doçura, porque acham que poderiam ser melhor. Nas que inventam, choram, cantam, porque acham que poderiam ser melhor.

Mas, sobretudo, fico com as meninas que nas escaladas de seus sonhos, de qualquer Everest que resolveram sobrepor, não se curvaram diante de nenhum olhar preconceituoso do mundo sobre seu jeito de ser e que foram, no final das contas, apenas elas mesmas.

Reflexões 3 - Problema de DNA

Cometi um grande erro na vida e, talvez, algumas de vocês tenham cometido o mesmo erro também... Achei que os homens sentissem como nós mulheres, mas eles sentem diferente.

Se é uma questão de valores, de programação genética ou de imposição social, eu não sei. Isto faz deles melhores ou piores do que nós?... Nem melhores, nem piores, mas diferentes.

Independente das possíveis razões, uma coisa é certa: Só se aprende a lidar com as pessoas, quando se conhece as motivações destas.

O que move o seu bem querer? Seja lá o que for, é bom aprender a lidar com isto ou dá sofrimento na certa (dos dois lados, por sinal).

Confira o vídeo da última campanha da Heineken, caso ainda tenha alguma dúvida a respeito deste tema... http://www.youtube.com/watch?v=h945iL6_qJ4

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

No Atelier com Amanda - A mulher na Arte

Soltei minha Amanda no atelier!

Retomei a pintura de um quadro que está me dando um bocado de trabalho e muito prazer em sua realização. Pinto o mesmo há mais de um ano, pincelando aos pouquinhos aqui e ali. Represento nele duas figuras femininas. Mas me pergunto sempre se soube captar a alma feminina em minha pintura, porque atrás da figura idealizada existe algo real - no olhar, no gesto, na delicadeza - nada fácil de representar.

Quando pensamos as Amandas, em geral a primeira coisa que vem à mente são as formas - a composição harmônica dos seios, da cintura, das nádegas... Mas acho que o que não se suspeita é que as melhores Amandas são as que falam através do olhar - sua sensualidade, sua auto-estima elevada, seus segredos de mulher.

Sugiro, pois, minhas queridas, assistirem ao vídeo que retrata de forma magnífica a mulher na arte de todos os tempos. Ah, estes artistas... Só eles mesmos para captarem a nossa alma! Sem Amandas idealizadas, mas através do olhar de mulheres reais - mulheres como eu e você!

Clique no link abaixo para assisti-lo. Vale a pena conferir!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Na Balada com Amanda 1 - Festa da Virada

O lugar era lindo! Super bom gosto, comida maravilhosa, bebida de primeira e servida à vontade. A música, então, nem se fala, balada selecionada - variada, animada, gostosa de dançar. Por sinal, começamos a dançar à uma hora da manhã e fomos até as cinco horas sem parar! Regados, é claro, a muito uísque e energizante. Inesquecível passagem de ano!

Lá pelas tantas, a minha Amanda, que entrou toda poderosa na festa, já havia partido há tempos - maquilagem desfeita, dores nos pés, olhos vermelhos, enfim, nada parecida decerto com a Amanda do meu bem. Muito menos com as belas Amandas que circulavam pelo salão, a maioria ao estilo ¨Tiazinha¨, vestido curto, pernas bronzeadas, muito prata e dourado nos adereços. Uma ou duas Amandas do tipo ¨Hepburn¨, classudas, com a sensualidade típica das intocáveis deusas.

Por sinal, reparei que não são todos os homens (e mulheres) que conseguem distinguir um tipo de Amanda da outra, mas isto é papo para uma sessão ¨Reflexões¨ que encaminharei oportunamente. Nesse ínterim, seguem as imagens para uma breve comparação de estilos. Ambas são lindas, mas...


Bom, voltando ao meu estado, estava eu a dançar exausta, quase de corpo colado com o meu bem, longe de ser uma ¨Tiazinha¨ ou uma ¨Hepburn¨, quando ele solta a seguinte frase - ¨Você sabe qual a melhor coisa do mundo?¨, ao que respondi não fazer idéia. -¨A melhor coisa do mundo é ficar perto de quem se quer bem e gostar de sentir a respiração dela¨. Ao ver o meu estado abobalhado, em parte pela declaração repentina no meio da madrugada, em parte porque ele não é lá muito de expressar nenhum sentimento, completou: - ¨Por essa, a Amanda não esperava!¨ e não esperava mesmo!

Afinal, meninas, concluo que nossas Amandas talvez precisem de muito menos do que todas aquelas Amandas do salão para serem felizes, o que me faz aproveitar o ensejo para desejar a todas vocês um 2010 maravilhoso - cheio de novas descobertas sobre vocês mesmas e, de quebra, de novas fronteiras a explorar em seus relacionamentos, mesmo que começando com coisas simples, como o compasso de uma respiração.

Textos 2 - Revelando Amanda


Gostaria de dedicar esse texto a todas as mulheres que perderam seu bem querer em 2009 com meus votos que façam desta perda uma oportunidade para revelarem suas Amandas em 2010!

Quando morre uma promessa de amor, parte as asas o pássaro que preenche esvoaçado o coração. Naquela noite, partiram-se as asas de um pássaro lindo, asas longas, olhar sereno, penas sedosas, todas brancas. Amor puro, que só sente aquele que se conhece bem, porque sabe no outro a outra parte, lar encontrado, precioso par.

Acendeu o cigarro lentamente, como num rito mágico - solitário rito de limpeza interna -sorvendo a fumaça e soprando a mágoa. Dor doída no peito, de perder em vida quem mais se quer bem. Devolver ao espaço o ar roubado, ar do espaço que não lhe pertence. Retornar ao mundo o que é dele, pois, ninguém é de ninguém.

Chorar no escuro do quarto o calor que não sentiu no abraço que não recebeu. Chorar a palavra que não foi dita, o silêncio onde havia o sim, o olhar que se perdeu. Chorar o afeto que não foi trocado, o gesto que ficou no pensamento e não se materializou.

Desfazer as malas antes da viagem, desistir do vôo antes do embarque. Recolher-se à solidão costumeira, velha companheira de tantos anos e tocar de novo o coração sem pássaros, vazio o espaço, sem questionar o vácuo que o destino ofereceu.

Olhar a fumaça subindo e dissolvendo-se, como se desfazem todo o laço, toda a ternura que não se tem de fato. Devolver ao frio, o calor que vem de dentro a cada sopro. Esvaziar a mente, cada vez vazio se faz o pulmão. E perceber nas ondas de fumaça que se dispersam em direção ao teto, a essência do amor verdadeiro, que não retém o que se ama e mais ama, quando deixa partir o amado bem.

Sorver lentamente, a cada tragada, sabendo poucos os segundos de real contato. Pois o que é o amor senão a chama passageira, dos poucos momentos em que dois se fazem um. Ficar fumaça toda misturada, vagas entrelaçadas até se transformar em ar comum.

Fraquejar na iminência do inevitável rompimento. Preencher de música imaginária cada segundo que resta antes do derradeiro vôo e ao som da melodia do cantor do norte, embalar a dança a dois que não se fez. Tocar o corpo pela alma. Tocar a alma pelo olhar. Rodopiar e se esquecer do insustentável fim.

Logo depois, entregar-se ao sentimento da partida, ao reencontro com seu próprio eixo. Desejar ao pássaro que parta um vôo largo, um longo vôo para o nunca mais. Olhar o horizonte até que dele não reste mais nenhum ponto, diminuto traço que se reduz a cada batida, cadenciado afastamento no ruflar do tempo, caminho sem volta, destino desfeito, talvez.

Voltar a atenção do ponto no horizonte, para aquele no centro do peito. Encontrar no traço que liga este ponto ao infinito a sustentação que o olhar do que se foi não mais contém. Conformar-se à perda, como se conforma o orvalho da manhã à evaporação.

Mudar por dentro o que não se pôde por fora, revisão completa, gavetas abertas, arrumação. Abrir a gaiola onde habitam os muitos amores, prisioneiros das lembranças, e deixar cada qual encontrar seu pouso em local distante. Ficar passarinho de asas quebradas na sombra da tristeza por mais alguns anos.

Ilusões reanimadas na certeza interna que, mesmo partidas, algo fica para trás. O hálito do amor que se julgava não mais sentiria, permanece. O oxigênio que, por algum tempo, salvou da morte as muitas horas tristes de isolamento, ainda abastece.

Reaprender a viver só. Alimentar-se do muito amor que se tem no coração, não daquele pouco que se deu e que, em conta-gotas, recebeu devolução. Reter a cada tragada o que de bom se tem para reter. Soprar em seguida o que se foi. Devolver ao mundo o que restou.

Na despedida, dar em pensamento a carícia que não ousou tocar com seus próprios dedos. Retornar o beijo imaginário, língua molhada na boca do outro, carinho atrevido sob a roupa abotoada até o pescoço.

Sentir na pele, sem contato, o cheiro embriagante que o próprio olfato não sorveu. Tocar as mãos como se tocasse sua intimidade. Entrelaçar de pernas antevendo o impossível encaixe. Entregar-se ao seu olhar, como se entrega a imagem nua. Abraçar, como se fosse sua.

Depois do devaneio, tocar a imagem verdadeira, seca e fria, em nada semelhante ao sonho louco dos amantes. A realidade das horas em silêncio, dos pequenos ruídos que só ouvimos quando estamos totalmente sós. Apagar o cigarro no cinzeiro, cheio de cinzas de outros tempos, tanto amor desfeito, tantas projeções.

Depois do gozo solitário, enfiar-se sob as cobertas de uma cama fria e chorar aos soluços, até adormecer.

No dia seguinte, acordar bem cedo, muitas horas ao banheiro, água levando pelo ralo do chuveiro a dor sem fim. Em movimentos circulares, descobrir atrás do vapor no espelho um novo olhar. Banho tomado, refeito o penteado, retocada a maquiagem, resolver sair do luto sem olhar para o passado - ou morreria junto à promessa quebrada do amor que não sofreu.

Enterrar a possibilidade de vivê-lo em plenitude, enterrar todo o desejo, e sobre sua lápide lançar uma rosa de adeus. Gravar no epitáfio, a ser esquecido, o sentimento que se foi, sem nunca ter sido. Coito interrompido. Beijo sem saliva. Sexo sem prazer.

Deixar mais uma vez o coração leve, preenchido com a própria luz. Escancarar as janelas do quarto, assistir ao sol nascer. Deixar entrar o vento e com ele outras asas que o acaso pousa, cedo ou tarde, na sacada.

Seguir em frente, sem olhar para trás. Soltar. Reencontrar a mulher interior, divina e intocada. Entender, finalmente, que não há problema em não ser a pessoa certa para a pessoa amada, bastando ser a pessoa certa para si mesma.

Desapegar-se e reencontrar-se cada vez mais. Antes de sair de casa, enxugar as poucas lágrimas. Lançar ao espaço o bem amado. Deixar partir, asas coladas. Fazer livre o pássaro e voar, voar, voar.

No Toucador com Amanda 1 - Banho da Virada


Coloquei minha Amanda para fora nas vésperas da virada e me dei de presente um ¨Dia de Amanda¨... Cuidei do meu corpo da cabeça aos pés... Hidratação com Kerastase (recomendo!), sauna relaxante, drenagem linfática (revigorante), manicure, pedicure, maquilagem... TUDO QUE MINHA AMANDA TEM DIREITO!

Tomei um banho demorado, regado a óleo e espumas da Daslu (muito chique!) e me senti a maciez em pessoa. Vesti meu salto mais alto, minha calça mais apertada, minha camiseta de lantejoulas e me descabelei toda para viver minha Amanda na passagem de ano em alto estilo.

Viajei para passar o ano com amigos e esqueci de colocar na mala um item fundamental: a camisola! Porque toda Amanda sabe que em passagens de ano a lingerie é item fundamental, definindo o amor no restante dos 364 dias. Fiquei arrasada, mas fui lembrada pelo meu bem que ao ser perguntada pelos repórteres sobre com que roupa dormia, Marilyn Monroe teria respondido: -¨Apenas duas gotinhas de Channel nº 5¨

Bom, digamos que tive de soltar a minha ¨Marilyn¨, e minha Amanda aprendeu que, afinal, não precisamos de adereços para encantar, mas talvez só de duas gotas de perfume... Dormi vestida de Armani Mania, e foi tudo de bom!

Na Cozinha com Amanda 1 - Bolo de Natal


Para fechar o ano com chave de ouro e algo doce, mas não tão doce, já que meu bem não é chegado em açúcar, pensei em castanhas, em frutas secas, numa receita antiga e bolei um bolo que é tudo de bom.

Soltei minha Amanda na cozinha!

O que é muito louco é criar um gosto na boca, misturando a lembrança de sabor de várias coisas conhecidas ao mesmo tempo. Foi uma experiência incrível e que deu certo!

O truque é pegar uma receita que você conhece e substituir os ingredientes por algo parecido, mas diferente. No meu caso, troquei parte da farinha de trigo por pó de cacau, troquei a manteiga por margarina sem sal, o açúcar comum por açúcar mascavo e assim por diante.

Segue abaixo meu bolo de Natal inventado:

Ingredientes:

- 1 xícara de margarina sem sal bem cheia
- 1 e 1/2 xícara de farinha de trigo
- 1/2 xícara de pó de cacau
- 2 xícaras de açúcar mascavo
- 4 ovos
- 1/2 xícara de leite
- 1 colher de sobremesa de fermento em pó
- castanha do pará picada
- passas sem caroço

Forma de fazer:

Bata a margarina, a farinha, o cacau, o açúcar e os ovos na batedeira até alcançar uma consistência bem firme. Adicione o leite e o fermento e bata até retomar a mesma consistência. Ao final, coloque a castanha e as passas em quantidade a gosto e misture com uma colher fora da batedeira. Entorne a massa numa forma retangular pequena previamente untada e coloque para assar em forno a 200º C.

Pois é, minhas queridas, não interessa o modelito do seu avental, experimentem esse exercício de arte na cozinha. E de quebra, presenteiem a sua pessoa amada com algo que você sabe o paladar dela agrada. Carinho se dá de muitas formas...

Hum, se vocês me perguntarem se a Amanda da fantasia do meu bem faria um bolo inventado, eu acho que talvez sim, mas bem provável o faria vestida só de avental e com os cabelos soltos que, convenhamos, não é muito apropriado para uma cozinha!


Ando usando com mais freqüência aqueles shorts curtinhos com tamanquinho da Melissa dentro de casa, porque não? Esse é o mais perto que a minha Amanda pode chegar da Amanda dele na cozinha.

Por sinal, e a sua Amanda? Ela tem dons culinários? Se não tem, recomendo um bolo de caixinha, tem alguns que são muito bons. Ou ainda, inspirar-se numa cena de ¨Nove e Meia semanas de Amor¨ em frente à geladeira. Quem sabe, até, fazer do corpo uma mesa de sushi ao estilo da sexy Samantha do seriado ¨Sex & The City¨.

O negócio é usar a imaginação, dentro dos seus dons e dos seus limites. Porque, afinal, não é a Amanda da pessoa amada que você está procurando na cozinha, mas a sua Amanda!