AMANDA MASQUE

Eu não sou Amanda Masque.

Ela é um personagem que criei para representar a mulher idealizada pelo homem.

Faço deste blog o canal para todas as mulheres que se defrontarão, cedo ou tarde, com as Amandas - imagens projetadas de perfeição incrustada na mente daqueles que amam.

Sendo a recíproca verdadeira, também para aquelas que se nutrem de um ideal masculino irreal.

E para os homens que nos visitam aqui, um buraco na fechadura para ver nossas Amandas despindo a roupa da alma.

Faço-me dessas mulheres, uma mera porta-voz e, deste blog, um meio para incentivá-las a colocar a sua ¨Amanda¨ para fora!

Uma Amanda plena, não aquela idealizada pelo outro, mas a melhor mulher que cada uma de nós pode ser em toda a manifestação do feminino - nas formas, nas artes, no amor.

domingo, 11 de abril de 2010

Contribuições Anônimas ao Blog 3 - Na Montanha Russa

Quando eu era criança, fui marcada por uma música da Simone que dizia assim ...

Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Ter me rebelado
Ter me debatido
Ter me machucado
Ter sobrevivido
Ter virado a mesa
Ter me conhecido
Ter virado o barco
Ter me socorrido
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Sem as tuas garras
Sempre tão seguras
Sem o teu fantasma
Sem tua moldura
Sem tuas escoras
Sem o teu domínio
Sem tuas esporas
Sem o teu fascínio
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Já ter te esquecido

Essa música era tema de um seriado onde a Regina Duarte representava uma personagem recém separada. Lembro-me bem de ter sentido no íntimo do meu ser que uma separação era uma inevitabilidade nos tempos que correm, e que um dia eu passaria por isso.

O tempo passou, me casei com a certeza de que ele era o homem certo e de que seria para sempre. Eu sabia que haveria altos e baixos. E esperava que houvesse mais altos que baixos. E assim foi por um bom tempo.

Passados mais de dez anos juntos, passei a me sentir numa montanha russa, viajando em alta velocidade entre subidas e descidas, curvas radicais e inesperadas. Esse ritmo começou a me consumir, principalmente porque as quedas eram velozes, doídas e duradouras e as subidas raras e ligeiras.

A cada subida, sentia que tudo ia dar certo, que afinal era para sempre, que seríamos capazes de superar todas as adversidades. Mas ai vinha uma descida, que me remetia ao medo, a desilusão, ao cansaço, a desesperança. Até que chegou um dia em que o carrinho da montanha russa não mais queria subir. Ele parou no fim de uma descida.

Tentei então escalar os trilhos com minhas mãos e pés, e cheguei a alcançar uma certa altura. O que não contava era que ao subir sem o carrinho, estava fazendo isso por conta própria e sozinha. Ao chegar lá em cima, não tinha companhia. Ou seja, são precisos dois, desejando, lutando e acreditando no mesmo.

O esforço foi demais. Além do meu próprio peso, carregava vários fardos. Não acreditava mais na minha capacidade de mudar ou melhorar, não acreditava que seria capaz de fazer-nos felizes, não acreditava que havia futuro. Entender isso foi um processo longo e penoso.

A conclusão a que cheguei foi a de que era preciso abandonar a montanha russa e a única saída era dar um salto lá de cima. Mas como saber ao certo a hora de pular? Como ter coragem de dar o salto sem saber se haveria uma rede de proteção lá em baixo para me amparar? Como mergulhar no desconhecido arriscando que ele seria ainda pior que a montanha russa?

Assim, lá fiquei por um tempo, olhando a paisagem e me sentindo cada vez menor diante do que me rodeava. Lá de cima, via o meu companheiro, que ficou no carrinho, e também ia reduzindo e se consumindo na sua solidão e desamparo, a espera de um sinal.

Às vezes nos olhávamos e acenávamos um para o outro. Eram pequenos consolos, mas não resolviam o problema. Até que um dia concluí que nunca teria respostas para as minhas dúvidas. Que teria de ter coragem para pular apesar delas.

Teria de confiar em mim mesma, de que seria capaz de superar as agruras que viriam e que, no final, teria ao menos a certeza de que tentei. Teria de ter fé de que um novo cenário se descortinaria e, eventualmente, embarcaria em uma nova montanha russa mais tranqüila e amorosa que a anterior.

Enfim, enchi o peito, fechei os olhos e pulei. Ao longo da queda vi a minha vida a dois passar como um filme. Vi cenas do primeiro beijo, do casamento, da primeira casa. Era tudo tão lindo. Tentei me agarrar às ferragens da montanha russa e re-escalar a mesma, mas não tive forças. Assim continuei caindo, arranhada e ainda mais machucada rumo ao desconhecido.

Quando finalmente aterrissei, não reconheci nada. Havia perdido as minhas referências. Percebi que as ilusões de como seria haviam me enganado. Era muito mais difícil. Isso me desanimou e me fez recolher-me a meu sofrimento. Afinal, será que valia a pena ter pulado?

Quando tive forças, procurei o carrinho onde havia deixado o meu velho companheiro. Ele o havia deixado e estava bem melhor que eu. Ele não teve de pular. Ele saiu andando do carrinho com tristeza, mas com menos arranhões e machucados por não ter tentando se agarrar as ferragens. Eu o admirei e me orgulhei. Como sempre, ele havia sido mais forte que eu.

Agora me encontro nesse novo cenário. Não conheço o enredo da peça que devo encenar. Sinto-me distante e fria. O aconchego que me é oferecido é bem vindo, mas não consigo retribuir. Falta a metade da minha laranja. Como aprender após tantos anos a ser UNO, completa e soberba. Não existe manual. Apenas a esperança de que o tempo tudo resolve. Até lá, vou caminhar com passos curtos, firmes em alguns momentos, cambaleantes em outros.

Espero um dia olhar para trás e sentir bem lá no fundo que afinal o pulo valeu a pena. Que era preciso esperar que a poeira que foi feita com a minha chegada no solo, se dissipasse e deixasse aparecer todos aqueles que estavam lá embaixo a minha espera, Que no processo passei a me conhecer melhor, e a me respeitar e amar. Entendo que só assim poderei ser feliz e fazer felizes todos aqueles que embarcarem no meu carrinho da montanha russa.

Contribuições Anônimas ao Blog 2 - A forma e o conteúdo


Cada vez mais eu percebo que a importância dos seios para as mulheres é algo que merece investigação e reflexão, certamente os seios das mulheres são muito importantes para nós homens também, e de tantas maneiras que eu poderia escrever um livro, ou vários. Mas aqui estamos tratando de outra coisa, da importância para um mulher, e notadamente pelo aspecto da aparência.

Uma mulher me contou sobre a primeira vez que usou um sutiã desses que dão uma impressão de aumento dos seios, e que quando saiu na rua com ele, sentiu-se "uma mulher super poderosa". Foi para ela uma experiência inesquecível; deve ser algo parecido com a idéia de um homem colocar uma meia dentro da calça; mas aqui vai uma curiosidade, já brinquei imaginativamente com a idéia, mas nunca me ocorreu colocá-la em prática, nem conheço alguém que o tenha feito (não duvido de nada neste mundo). Por outro lado, basta visitar qualquer site erótico para ver a profusão de anúncios de "técnicas de aumento de pênis", ou seja, deve haver clientela interessada.

Só então comecei a entender um pouco, ou melhor, imaginar que entendo, o que se passa na alma feminina em relação aos seios. Pensei na menina durante os anos anteriores à puberdade, tendo a sua identidade feminina moldada e desenvolvida desde o nascimento por todos que a cercam, vendo as mulheres adultas, se identificando com elas, constatando as semelhanças em diversos aspectos, tanto anatômicos, como de comportamento e de interesses, mas ao mesmo tempo sentindo uma grande diferença, impossível de negar: Onde estão os meus seios? Este elemento tão óbvio na silhueta; em que qualquer criança (menina ou menino) se baseia para identificar se aquele adulto é homem ou mulher.

Me lembrei de uma história: um colega mostrou ao filho pequeno uma foto com duas crianças, um menino e uma menina em nu frontal e perguntou o que ele via, o filho respondeu corretamente que havia ali um menino e uma menina, perguntou então como ele sabia disso e veio a reposta óbvia: É porque a menina tem cabelo comprido!

Os cabelos e as roupas são também elementos de identificação mas... onde estão meus seios? Se me dizem, e eu sei que sou menina, brinco como menina, me visto como menina, etc... Os seios vão sendo identificados pouco a pouco como uma aquisição tardia; Será que eu os terei? Como serão? Vejo minha mãe, ou fulana ou beltrana carregando aqueles enormes seios! Elas são mulheres adultas, completas, acabadas; eu, por enquanto sou um arremedo de mulher, será que eu chegarei lá?