AMANDA MASQUE

Eu não sou Amanda Masque.

Ela é um personagem que criei para representar a mulher idealizada pelo homem.

Faço deste blog o canal para todas as mulheres que se defrontarão, cedo ou tarde, com as Amandas - imagens projetadas de perfeição incrustada na mente daqueles que amam.

Sendo a recíproca verdadeira, também para aquelas que se nutrem de um ideal masculino irreal.

E para os homens que nos visitam aqui, um buraco na fechadura para ver nossas Amandas despindo a roupa da alma.

Faço-me dessas mulheres, uma mera porta-voz e, deste blog, um meio para incentivá-las a colocar a sua ¨Amanda¨ para fora!

Uma Amanda plena, não aquela idealizada pelo outro, mas a melhor mulher que cada uma de nós pode ser em toda a manifestação do feminino - nas formas, nas artes, no amor.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Indicações 2 - ¨Minhas adoráveis ex-namoradas¨


Outra comédia romântica imperdível! Esta dirigida por Mark Waters, ¨Ghosts of Girlfriends Past¨ trata de um tema fascinante: qual a reação de um homem que encontrou o mais próximo de sua ¨Amanda¨ (sua mulher ideal) numa mulher de carne e osso?... Correr para os braços dela?... Ou correr para bem longe dela?

Matthew McConaughey representa o fotógrafo de celebridades Connor. A atriz Jennifer Garner, a nossa ¨Amanda¨ no filme, amiga de infância do personagem principal. Ah, e ninguém mais do que Michael Douglas, no papel de um impagável playboy dos anos 70.

Vale a pena alugar o DVD e curtir a visita dos três fantasmas (em especial nesse período de festas de final de ano onde os espíritos do passado, do presente e do futuro estão de alguma forma presentes em nosso imaginário).

Textos 1 - Desnudando Amanda

(Foto: www.cuerpospintados.com)

Sou o corpo mole e o corpo firme, as muitas curvas e os ângulos pontiagudos. Sou a forma que se imagine, de planícies e montanhas com cheiro de perfume, roupa de baixo transparente e saltos de todo tamanho. Sou sussurro, barulho e silêncio. E por ser mulher, sou campo e estrebaria a um só tempo - lugar de procurar abrigo em dias de chuva, lugar de correr, cabelos ao vento, em dias de pura loucura.

Sou a espátula, o creme das tintas que misturo a algumas gotas de óleo de linhaça, o perfume de terebintina nas narinas, as mãos sujas de todas as cores, e a trama de tecido que embebo em minhas misturas, enquanto em minha mente o quadro pintado se descortina muito antes do último traço. Sou o contato do pincel no pano, o movimento lento e metódico das cerdas sobre as fibras, acariciando cada pequena linha, manchando de vida a tela em branco.

Sou a poesia das tardes chuvosas em que o peito se fecha em dores, como se fecham no céu as nuvens. Sou a poesia que leio e sou a que escrevo. Sou as horas que voam enquanto os dedos teclam computadores, vertendo letras e versos que vejo na minha alma e na alma de todos os homens que ao verbo torno. Sou o silêncio entre as frases, o ponto. Sou a sentença entre aspas que sai da boca dos personagens. Sou o comentário, a síntese e a antítese de meus heróis imaginários. Sou o fim, mas também sou o título. Sou as teorias de vida que persigo e que coloco em palavras lançadas ao vento.

Sou o ventre que abriga nove meses o feto. A mão sobre a lua da própria barriga, enquanto os pezinhos do filho mexem sob a pele rija. Os líquidos que fluem, nutrindo o milagre. A sincronia de dois corações num só corpo que batem. Sou o berço e a mortalha. O peito que entrega o leite, a carícia na testa da criança, as noites em claro. Sou o cordão umbilical e a tesoura, o primeiro rosto amigo e o último consolo.

Quando amar em gestos, palavras e cores não me cabem, sou as teclas do instrumento, o ranger dos pedais, as cordas que ressoam, a vibração no ar. A pausa entre os compassos. Sou os acordes graves e os trinados. Minh’alma um arpejo cadenciado, seguido do estrondo dos meus desejos, da calma depois do orgasmo. Sou a música que ouço, de todo o estilo, sou a música que crio, aquela que leio na partitura invisível. Sou o ritmo que muda, como mudam as marés. As sinfonias que componho, o instrumento, num só.

Sou nos homens que amei a outra face, o complemento inteiro, o grito interrompido, a dor no peito. Mas sou também o remanso, o carinho que tranqüiliza, o leito. A égua no cio, indomada. Sou adestrada. Os dedos que correm pelo corpo, a língua molhada. Sou o sussurro seco e a voz engasgada. As unhas cravadas nas costas, a pele rasgada. Sou o cheiro no ar do quarto, nas pernas entrelaçadas, das ancas que me cavalgam, sou sela que fica, sou ventania que passa. Boca noutra boca, a alma na outra. A gota de lágrima que desce, pelo rosto suado, quando dois são um.

E se não danço a dois, sou desvairada. Danço o corpo leve, a alma solta. Dança sincronizada, sapatilha gasta, como bem gastas as mil horas em frente a uma barra, corpo em riste, mente treinada, na vontade férrea de romper os limites do ar, fazer do espaço um barco, onde braços e pernas são levados, além das possibilidades dos outros mortais. Rompendo os músculos à exaustão que é êxtase, que só compreende quem se entregou ao vício, delicioso e mágico, de viver bailarina, de palco em palco, coreografando no corpo, seu e dos outros, aquilo que mil palavras não pintariam e que a música acompanha em compasso, por vezes rápido, por vezes lento.

Sou do tempero a haste, sou todos os cheiros dos pratos que invento com o que encontro nas cozinhas que visito. Sou os sabores que se descobre a cada mordida, ora distintos, ora uma mistura que confunde o paladar e atiça os sentidos. Sou as cores das travessas sobre toalhas brancas, o vinho derramado, as taças enfileiradas. Sou o ritual da boa mesa que sirvo, os talheres postos, a sobremesa. Sou o quente e o frio da calda sobre o sorvete que derrete na boca e saliva água.

Sou, enfim, nas línguas que falo a minha Babel de tantas culturas e de tanta gente interessante que conheci na vida. Sou o respeito pelo próximo e pelo distante. Sou a força do amor globalizando. Sou as idéias que correm entre elas. A abundância dos negócios que promovo. Sou a colaboração, onde havia concorrência. Sou concorrência, onde havia tolos.

Sou tudo que é belo. Sou tudo que amo. E quanto mais amo, menos sou e mais estou passando.

Só saberá quem sou, de fato, quem me trouxer em si mesmo em completude... Viver intensamente todos os sentidos: cores, sabores, ruídos. E experimentar tudo que é possível, pondo para fora todos os anjos e também os demônios. Experimentando da arte todo manifesto. Experimentando do corpo toda a expressão.

Sou a manifestação do belo na figura da mulher. Simplesmente Amanda, eu sou.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Indicações 1 - ¨A Mulher Invisível¨


Nenhum filme que eu tenha visto anteriormente tratou de forma tão brilhante sobre o convívio entre a mulher idealizada e a mulher real na cabeça de um homem como o recente filme brasileiro ¨A mulher Invisível¨, do Diretor Cláudio Torres.

Nele, Luana Piovani representa Amanda. Por sinal, tomei a liberdade poética de emprestar daí o nome da nossa personagem idealizada, somando-lhe o sobrenome Masque. Pedro é o personagem de Selton de Mello que, digamos assim, dá vida à Amanda.

Para Pedro, Amanda - A mulher Ideal - é linda, boa de cama, amante de futebol e nada ciumenta.

Confira o filme e, de quebra, divirta-se bastante!

Adoraria ouvir dos rapazes que estão de olho na fechadura como seria a Amanda idealizada por eles... Igual à Amanda do filme?

Reflexões 2 - Quem é Amanda?

Acredito que a plenitude no amor só será alcançada quando pudermos amar sem lentes, sem máscaras, sem julgamento. Mas isto não é tarefa fácil!

Talvez teremos aprendido a amar, de fato, quando o real for idealizado dentro das fronteiras do que é possível tirar de melhor de cada um de nós. Afinal, não é este o maior legado do amor? Fazer-nos melhor do que realmente somos?

A Amanda do outro (sua fantasia), portanto, não interessa tanto neste contexto. O que interessa é a Amanda que está em nós - aquela que representa o nosso melhor.

Muitos debatem sobre as diferenças entre o idealizado e o real que levam a conclusões extremas - ou de conformidade com o que somos ou de busca insana para ser o que não somos.

Gostaria de propor neste blog uma nova abordagem - aquela que faz de Amanda nossa aliada - uma inspiração para nos superarmos de forma sadia e equilibrada e, em nossos relacionamentos amorosos, um lembrete para não esquecermos que o outro pode estar se relacionando com algo irreal.

Antes de mais nada, portanto, gostaria de marcar esta reflexão com uma enquete... O que é Amanda para você? É uma gueixa, a mulher de curvas perfeitas, uma mãe?... Ajude-me a desenhar o nosso personagem. Conto com sua contribuição para irmos em frente.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Reflexões 1 - Qual o significado do nome?


Amanda é a representação do ideário masculino.

Masque é o nome que se deu a celebrações presentes nas cortes européias no início do século XVII. Nesta oportunidade, canções e representações entretinham os convidados de festas cortesãs com adereços, pompa e, como não poderia deixar de ser, belas máscaras.

O sentido de Masque está, pois, nesta alusão ao mistério e à sedução, próprio a essas ocasiões, sendo a máscara veneziana sua melhor representação.

Amanda é Amanda porque não se revelou, porque ao se revelar seria Maria, Luciana, Carla... Seria real.